5.14.2008

Noivos em fuga



Para Rafinha Bastos, o casamento é como um funeral: não é à toa que a mulher tá de branco e o homem, de preto. Gracinhas à parte, o que é casamento pra você ?

Engravidei com dezesseis anos, faltando dois meses para dezessete, e des de então, ouço freqüentemente a pergunta: "Eai, vocês vão casar ?"

Quando me ví grávida pensei em casar, e até pedido de casamento rolou, mas um mês depois, minha barriga começou a explodir e eu desencanei de casar explodindo o vestido. Decidimos casar quando as coisas se estabilizassem e eu não estivesse crescendo a cada semana.

O Gui nasceu, está com um ano e quatro meses, minhas calças voltaram a servir e nós, longe de pensar em festa.

Não somos um casal normal. Não somos uma família normal. E isso é longe de ser ruim. Quando me ví grávida tão cedo, sabia que a diferença entre a minha família apressada e algumas outras "normais" seria que eu continuaria dentro de um lar. O que é um papel assinado pelo juíz dizendo que somos casados, uma vez que já temos compromisso maior ?

Quando começaram os tititis pela escola sobre minha gravidez, o que mais ouvi foi gente sem família tentando me fazer culpada por construir a minha. Sinto muito, um papel, um anel, um vestido não me faz melhor nem pior mãe. Para nós, mais que uma casa bonita é uma família feliz, em paz. O dia que não tivermos mais isso, não há porque continuarmos juntos. E ainda separados, sei que seremos uma família. Mais diferente ainda, mas ainda juntos.

E casamento pra nós é isso: união. Se "até que a morte os separe" não vence a menor barreira, não há casamento.


Hoje, quando me perguntam se a gente vai casar, respondo: "Eu já tô casada, né ?"



Texto para o Tudo de Blog, da Capriho.